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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

"Já era não existe"



Sempre tive muito medo de faca. 20 anos de medicina, centenas de casos. Morte e vida na mesa de cirurgia.




Desconfiado de mim mesmo, fui a um seminário de Krav Maga sobre técnicas de faca, defesa e ataque (!) Domingo, de 7 da manhã às 5 da tarde. Instrutor: Kobi Lichtenstein, 47 anos, ex-integrante das Forças Armadas de Israel, membro do pequeno grupo escolhido pelo próprio criador do Krav Maga, Imi Lichtenfeld, para difundir pelo mundo a defesa pessoal do exercito israelense.

Escutar Mestre Kobi falar com os olhos faiscando daqueles idos de 1930, com Imi nas ruas literalmente lutando para sobreviver ao nazi-fascismo, e posteriormente na década de 40, também nas ruas, sobrevivendo na mão à Palestina, já teria valido o dia. Mas tinha mais.

Treinamos à exaustão diversas técnicas, usando facas de plastico. O Krav Maga é tão simples, lógico e objetivo, que de certa forma e estranhamente, nada daquilo parecia novidade. Ao fim do dia tínhamos as bases e princípios desse tópico, que obviamente pede décadas de treino para o domínio pleno.

O que ficou de principal para mim, foi escutar aquele sobrevivente do Oriente Médio repetir furioso, e com sinceridade nítida, que "JÁ ERA NÃO EXISTE" para quem pretende ser seu aluno. Nunca entregar os pontos, nem depois da primeira facada: estatísticas policiais mostram que normalmente se morre na quarta; ou extrapolando, nunca sucumbir à pressão de espécie alguma: doenças, julgamentos, marés baixas da vida em geral.

E foi assim que a pessoa desconfiada de si mesmo voltou para casa mudada.






Obrigado Mestre Kobi