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OBSERVE POR FAVOR QUE A MAIORIA DOS LINKS SÃO AUTO EXPLICATIVOS, E CONTÉM INDICAÇÃO DE CONTEÚDO ANTES MESMO DE SUA ABERTURA: 1) SOBRE ...

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Ao meu herói, José Hamilton Ribeiro




Faz quase dez anos que te enviei aquela primeira carta. "Quando o fogo cerca e mata onça, é porque o negocio foi feio ...", lembra ? Quando a causa é justa, mas estamos sozinhos, é feio também. Quem sabe o Sr. não aceita um café com broa lá em Serra Grande ?

Fui procurado por produtores do Globo Rural (Mariana e Cesar), e queria te explicar de forma sucinta o que vem a ser o Núcleo Serra Grande: origens, desafios, objetivos.

Essa historia vem de longe. Desconfio que tudo tenha nascido quando eu tinha uns oitos anos de idade e visitava meu avô num hospital. No leito ao lado ao seu, havia um estranho menino azul (cianótico), “picada de cascavel” disseram. Iniciou-se ali interesse genuíno, e fui me tornando auto-didata em animais peçonhentos, tanto na biologia e classificação dos bichos em si, quanto em sinais e sintomas nos envenenamentos.

Aos 14 anos de idade, levado pelo meu cunhado medico, Renato Maia Guimarães, eu já prestava consultoria informal à Toxicologia do Hospital João XXIII, a maior Emergência de Minas Gerais, notadamente quando surgiam dificuldades em classificar cobras corais (“verdadeira ou falsa ? “) ou outras serpentes, bem como aranhas e escorpiões.  Meus pareceres de menino, submetidos a escrutínios memoráveis, conduziam tratamentos, ou impediam que soro fosse administrado de forma desnecessária.

Formei-me medico pela UFMG, e aqueles anos de JXXIII acabaram por conduzir-me ao Trauma, à Emergência e à Cirurgia Geral. Dediquei minha carreira ao SUS, sempre no interior em áreas remotas e desassistidas, e sempre me deparando com ocorrências envolvendo o ofidismo, araneísmo e escorpionismo, em condições precárias de atendimento.

Cheguei a Itacaré em 2001, convidado pelo prefeito Jarbas Barbosa, para assumir as cesarianas da “Fundação de Amparo à Maternidade de Itacaré”. Em pouco tempo deparei-me com o problema do resgate de fauna encontrada em áreas antropizadas, em especial numa região conhecida por ‘Bairro Novo’, uma invasão descontrolada em área de mata Atlântica primaria.

Graves problemas operacionais e de material humano impediam (e impedem) que o Estado (Ibama, Bombeiros, CRA, CEMARH) atendesse a solicitações de remoção de animais selvagens na via pública, e assim, com o tempo, acabei tornando-me parceiro das policias Militar e Civil, que recebiam ligações da comunidade solicitando ajuda para resgates, e encaminhavam-me os pedidos.








O Boletim de Ocorrência acima, relata que 'uma sucuri de 6 metros e 100 kg', presa a uma galhada, desce o Rio de Contas e encalha em frente ao restaurante Senzala, na orla do centro de Itacaré, num sábado (de Carnaval) à noite, e começa a circular pela areia. Centenas de pessoas se agrupam na muralha arremessando latas e pedras no animal. À 1:30 hs da madrugada, recebo em minha casa o PM Avelino, com uma calibre 12 na mão, e uma solicitação singela: “ É Dr.... essa é meio grande, mas veja o que dá para fazer por favor, pois se ela subir para a rua vou ter que atirar ... “.

Removi com segurança o animal, cuidei dele (corte de facão) e procedi com sua soltura em área protegida, em adiantado estado de gravidez. Testemunhas às centenas. Esse evento foi um marco. A notícia se espalhou e a população aderiu de vez ao não abate de fauna silvestre, serpentes em especial, passando a contar comigo.




Os resgates se multiplicavam, o Estado mantinha-se inoperante, e eu reportava-me à Promotora Caroline Freitas de Morais, buscando resguardo jurídico para essa atividade. Explicando e exemplificando melhor, caso o Sr. ache uma cobra morta na estrada e queira levá-la para alguma instituição de ensino, não poderá fazê-lo sem “Licença de Coleta” do Ibama ou Instituto Chico Mendes. É a Lei. Contudo, frente a uma ameaça concreta à saúde publica, podemos agir. É também a Lei:


Resolução do CONAMA 394 (Conselho Nacional de Meio ambiente):


Art.  5o  Respeitado o disposto no art. 225, § 1o, inciso VII, da Constituição Federal, quanto à proibição de práticas que coloquem em risco a função ecológica da fauna silvestre, a captura de espécimes na natureza para a composição de plantéis está condicionada à inexistência de outras fontes para este fim (*1) e restrita aos casos comprovados e autorizados pelo órgão ambiental competente, observada a lista prevista nesta Resolução, que envolvam:


I - espécimes que estiverem causando danos a atividade agropecuária, saúde pública (*2) ou aos ecossistemas;

II - espécimes oriundos de resgate de fauna que não possam ser reintegrados ao ambiente natural (*3); e

III - necessidade, atestada em estudos técnicos realizados ou validados pelo órgão ambiental competente, de revigoramento genético das populações cativas (*4).

Parágrafo único. A exceção prevista no caput somente será adotada se a captura não comprometer a viabilidade das populações naturais.

(*1): não há programa de reprodução em cativeiro do gênero Lachesis no Brasil para repovoamento em áreas de extinção ou troca genética de planteis, ou pesquisa farmacológica avançada; não há criação em cativeiro do gênero no Brasil para suprir a demanda nacional por soro anti laquético, sem retirada de animais da natureza. Fomos procurados pela Fundação Ezequiel Dias de Belo Horizonte em busca dessa parceria.

(*2): a totalidade de resgates dá-se em confronto com populares e ou agricultores. Em situação de risco, vides BOs PM e Policia Civil.

(*3): frente à sua periculosidade, proprietários rurais optam pelo abate do animal.

(*4): a mesma justificativa de *1

COMENTO: Nossa atividade de resgate (e não de busca ativa), ainda que informal,  é "comprovada e autorizada pelo órgão ambiental" nos termos do artigo 5 supra citado. Em diversos episódios envolvendo o artigo I supra citado, os referidos órgãos ambientais (Ibama e Semarh) indicaram-me direta e indiretamente para resgate de Lachesis muta (a titulo de exemplo, vide BOs acima, dentre mutos outros), e também me encaminharam diretamente animal ferido proveniente de cativeiro clandestino. Este episodio especifico, de encaminhamento de Lachesis viva e ferida, deu-se em 07 de março de 2007, quando o Sr. Marcelo Barros deixou o animal no NSG, usando veiculo oficial da Semarh placa 8999. E não só isso, tenho também como comprovar dezenas de solicitações diretas de remoção de cobras de perímetro urbano e entorno de Itacaré, por parte das Policias Civil e Militar, na impossibilidade do órgão ambiental competente fazê-lo, após ser contatado. Isto posto, julgo-me, nos termos da Lei, "autorizado pelo órgão ambiental competente" para proceder com resgates, quer por via direta, por solicitação dos órgãos ambientais ou forças de segurança pública, quer por via indireta, por omissão ou incapacitação temporária para atender à ocorrências (normalmente 'fora do expediente', noturnas), quer por recebimento direto de animais, como o do relato acima. Minha atuação não só se configura como defesa da especie Lachesis muta, como defesa 'à saúde publica', nos termos do artigo I da resolução do Conama supra citada.


Também foram objetos de resgate:  bichos-preguiça, quatis, tatus, micos, e pequenos mamíferos como paca, ‘papa mel’ e preás; aves (papagaios em especial), repteis como ‘teiús’ e dezenas de espécies de serpentes, venenosas ou não, e quelônios (tartarugas marinhas), além de muitos pinguins.






Curiosa foi a relação da população para comigo, mulher e filhos. Traziam-nos animais domésticos e bichos feridos na estrada para tratamento, apoio e amparo. Abaixo o porquinho pisoteado pela mãe e também a coruja atropelada, em tratamento intensivo sob cuidados de meu filho Gabriel....







Dentre as serpentes resgatadas surgiam em frequência inédita as lendárias ‘surucucus’. Procedi com auto denuncia ao Ibama em dezembro de 2003, relatando o problema do resgate informal de fauna testemunhado pelo MP local, e que estava mantendo estas serpentes em cativeiro, por não haver condições para realocações (ninguém quer esse animal por perto).




A surucucu é 'um predador de grande porte confinado a uma área restrita, a Mata Atlântica do Rio de Janeiro (desconfio que já esteja extinta nesse estado) ao Rio Grande do Norte e Ceará' (Vanzolini). Enfrenta 93% de destruição do habitat. Já esteve em listas de extinção oficiais e hoje é tida como ‘Vulnerável’ pela “International Union for the Conservation of Nature”. Orlando Villas Boas, em ‘Marcha para Oeste’, e do alto de uma vida em território de Lachesis, fala que essa é 'a única cobra venenosa brasileira que ataca', e essa é uma visão compartilhada pelos nativos da região cacaueira, e assim, esse animal causa um temor que na totalidade dos avistamentos termina em seu abate.





Conheço bem uma picada dessa cobra. Escrevi o capitulo 'Acidente Laquético', do livro 'Animais peçonhentos no Brasil', segunda edição, de Dr. João Luis Cardoso, do Instituto Butantã, SP (capa abaixo), e do livro de Dr. Coura, do Instituto Vital Brasil, RJ, 'Dinâmica das doenças Infecciosas e Parasitárias', volume I, segunda edição, referencias maiores sobre animais peçonhentos no Brasil. Escrevi o capitulo 'Acidente Laquético'  no Manual do Ministério da Saúde para Animais Peçonhentos, em 2012. Tenho trabalhos com a USP e UNICAMP sobre o veneno das surucucus, em publicações internacionais.



ANIMAIS PEÇONHENTOS NO BRASIL


Obtivemos em 2007 a primeira reprodução em cativeiro mundial da espécie, o que abre caminho para a formação de um grande banco genético de uma espécie ameaçada, banco esse que serviria para projetos de repovoamento em áreas protegidas, fornecimento de matéria prima para a produção de soro sem a necessidade de retirar animais da natureza, e pesquisa farmacológica avançada, na linha de anticoagulantes e oncologia por exemplo. Estamos até hoje desvendando os segredos da manutenção e reprodução da espécie em cativeiro.




De 2007 a 2012 foram parcerias diversas (UNICAMP, USP, UFRP) em busca do conhecimento profundo do veneno das surucucus, sua bioquímica e ação em humanos, potencial medico etc. Esse conhecimento acumulado e compartilhado, mormente em publicações da Chicago Herpetological Society, foi o fruto maior dos 12 anos de aprendizado no Núcleo Serra Grande.

Resumindo, fui colhido pelos acontecimentos. Tenho filhos pequenos, fui para a região para trabalhar, para fazer cesarianas, e não para aventurar-me em serpentários. Ocorre então a estranha confluência de eventos.

A surucucu é a maior cobra venenosa das Américas e segunda do mundo, chega a 3,40 mts de comprimento. Ninguém lida com surucucu sem um grande aprendizado prévio com as grandes jararacuçus ou grandes cascavéis, além de uma grande dose de paixão, visto que o risco é enorme. Eu tinha essa experiência e vontade. E assim, frente à omissão do Estado,  fui a pessoa certa na hora certa para uma espécie com futuro sombrio na natureza, e para uma comunidade assustada e desassistida. Assim nasceu o Núcleo Serra Grande.




Apesar dos 120 anos de existência (e verbas 'ilimitadas'), com milhares e milhares de recebimentos deste animal, notadamente aqueles oriundos dos alagamentos de barragens na região norte, o Butantã não tem exemplares vivos dessa espécie, o mesmo vale para a Fundação Ezequiel Dias, de Belo Horizonte, em seus 60 anos de existência. Situação  alarmante para aqueles que são os maiores produtores nacionais de soro anti ofídico, mas compreensível em função da fragilidade destas cobras. Nosso sucesso em manutenção vem do fato de criamos surucucus em seu próprio território, na mata, num processo intuitivo que Dr. Vitor Cantarelli, do IBAMA, chama de ‘experimento único, modelo para o mundo’, e que Dr. Mauricio Abreu, da FUNED, chama de ‘estratégico para o país’.




Estamos no KM 42 da BA 001, numa roça de 4 hectares. Com ajuda de amigos, cerca de trezentos mil reais já foram injetados ali em estrutura física: muro, galpão, biotério, fabrica de ração de ratos, obras exigidas pelo Ibama (Dr. Alfredo Palau), numa inspeção de 2005. Tudo, todo o esforço, sem perspectiva real de um retorno financeiro. Conheço a realidade econômica dos serpentários. Vejo-os fechando um a um em São Paulo. Mas como único estabelecimento dedicado ao gênero Lachesis, talvez haja um nicho de mercado a ocupar

Temos três funcionários 'de carteira assinada', Claudio, Roque e Macarrão que já foram mateiros (extrativistas: caça e extração de madeira) e que hoje são conservacionistas. Tenho vaga para outros indivíduos com esse perfil no NSG, e esse é um sonho que acalento junto à Escola de Mateiros do Instituto Floresta Viva: contratar mais e mais quem depreda por questão de sobrevivência. Com a geladeira cheia em casa, essas pessoas não irão para a mata em busca de sustento. E mais: uma vez valorizados em seu oficio, os Mateiros e seus filhos perpetuarão essa fonte rara de conhecimento ancestral, essencial ao trabalho de campo de inúmeros ramos de pesquisa ou ecoturismo, na região de maior biodiversidade do planeta, ou no que ainda resta dela.

Mas é meio constrangedor falar de mim mesmo, então o deixo com as palavras de três grandes especialistas, sendo que Dr. Warrel é a maior autoridade mundial em ofidismo:

Mark O'Shea: "Rod Souza, a medical doctor, has devoted his life and livelihood to conserving and breeding the bushmaster...  Rod Souza's breeding project may be its only life-line beyond re-establishment of vast swathes of original rainforest, yet deforestation continues year by year. Souza considers the atlantic bushmaster may even be extinct in the wild, in which case his project is truly its last chance"

Dean Ripa: "The best place to see bushmasters in South America, bar none, is Rod Souza’s facility in Bahia, Brazil.  I could without reservations enlarge those borders to include Central America as well, and even the United States and Europe – from the simple fact that you are viewing his snakes in real rainforest, not in a fancied up indoor cage.  His specimens, the finest collection of L. muta rhombeata in the world (they might possibly be the only ones as well!), are out in the woods just as Mother made them.  Let your eyes stray beyond the wire tents in which he has enclosed little patches of pristine forest, and you are looking at bushmasters under real sky, under the real, true tropical canopy with its straining, faltering sunlight, exactly as you would expect to see them in the murky mountains of their Amazonian home.  Not an easy vista to come by, believe me.  Save yourself a long, long walk that will more than likely end fruitless, and go see Dr. Souza. He himself is one of the most knowledgeable people in the world on bushmasters and the author of several fine papers. The town Itacare is a picturesque glimpse old colonial Brazil and well worth taking a week off to enjoy a little seen part of the country"

David Warrel: “I know and have long admired Rodrigo de Souza of Itacare, Bahia as a serious and reputable conservationist who is committed to saving Lachesis (bushmaster) species that are increasingly endangered in the wild. It would be an act of mindless ignorance and brutality for the authorities to destroy the fragile stocks that he has managed to accumulate by his successful captive breeding programme. Please add my name to the campaign to SAVE THE BUSHMASTER to which I give my full personal and institutional support! These species are a valuable part of Brazil's faunal heritage that must not be squandered for petty bureaucratic reasons.
Best wishes,

David A. Warrell DM DSc FRCP FRCPE FMedSci

Emeritus Professor of Tropical Medicine
University of Oxford
++44 1865(0)766865, ++44(0)7785242978
fax ++44(0)1865760683
[Description: Oxford Textbook of Medicine]

Dr. Warrel cita acima ‘petty burocratic reasons’, o que me leva a estender-me por outros cinco minutos de sua atenção.

Com relação a meu processo, creio que é chegada a hora da força política, a parte técnica está superada. O protocolo original no IBAMA, tendo em vista a criação do serpentário em Serra Grande, deu-se em 2004 (02014.003156/04-41).

Se, querer ser repetitivo, mas retomando uma linha de tempo importante à sua compreensão da questão, e concluindo a seguir, minha auto-denúncia ao IBAMA deu-se em 2003, expondo minha atividade de resgate informal de fauna, que iniciou-se em 2002, na região de Itacaré e entorno, onde atuava como medico e vivenciava as dificuldades operacionais do Estado (IBAMA, CRA, Bombeiros) para a remoção de cobras venenosas em áreas antropizadas. Digo Itacaré e entorno, pois já fui chamado à Canavieiras (200 km ao sul), pelo Vereador Jorge, para remover uma surucucu de sua fazenda. Já fui chamado à Fazenda Manain, próximo a Itabuna, pelo mesmo motivo.

Em 2005, protegi o plantel da investida de grandes institutos do Sudeste - mas com histórico de incompetência na manutenção deste animal especifico em seus planteis - através da Justiça Federal de Ilhéus, ação 2005.33.01.000056-3, tornando-me então “Fiel Depositário” tanto do IBAMA quanto da Justiça Federal de Ilhéus.

Tempos difíceis aqueles http://lachesisbrasil.blogspot.com.br/2011/01/os-essenciais-6-argolo-anibal-marcelo-e.html

Mas haviam apoios como contra-ponto, daqueles que tinham relações diretas com a região, e conheciam meu trabalho de perto:

http://lachesisbrasil.blogspot.com.br/2011/01/os-essenciais-4-paulo-de-tarso-hilario.html

http://lachesisbrasil.blogspot.com.br/2012/04/os-essenciais-11-ana-paula-padrao.html

E assim, segui adiante ...

Em 2006 tive o apoio e o reconhecimento do RENCTAS, Rede Nacional Contra o Trafico de Animais Silvestres, dirigido por Dener Giovanini, o brasileiro vivo com o maior numero de condecorações ambientais pela ONU, só perde para Chico Mendes. Desse encontro nasceu o episodio "A guardiã do chocolate" na série, "O Brasil é o Bicho", do Fantástico, onde é feita a correlação entre a sobrevivência da surucucu na natureza, com a sobrevivência da cultura cacaueira, visto que esta grande predadora é o principal controlador da população do rato-paca, que se alimenta das amêndoas do cacau. Fabrica de chocolate orgânico baseada na região, a AMMA, de Diego Badaró, é parceira na preservação de Lachesis nas plantações, controlando ratos, sem uso de venenos. Havendo algum risco maior, removo o animal (houve um único resgate na AMMA). Abaixo, da esquerda para a direita, a surucucu, Dener, e eu.





Em 2007 conseguimos a primeira reprodução em cativeiro – mundial – do representante da Mata Atlântica no gênero Lachesis. De 2007 a 2012, pesquisas  trabalhos e publicações, a ultima delas na TOXICON, a mais respeitada revista de Toxinologia no planeta, em parceria com Dra. Daniela Damico da UNICAMP, em busca da compreensão dos anti coagulantes existentes no veneno da surucucu.


Available online 29 June 2012
In Press, Uncorrected Proof — Note to users

LmrTX, a basic PLA2 (D49) purified from Lachesis muta rhombeata snake venom with enzymatic-related antithrombotic and anticoagulant activity

  • Daniela C.S. DamicoaCorresponding author contact informationE-mail the corresponding author
  •  
  • T. Vassequi-Silvaa
  •  
  • F.D. Torres-Huacoa
  •  
  • A.C.C. Nery-Dieza
  •  
  • R.C.G. de Souzab
  •  
  • S.L. Da Silvac
  •  
  • C.P. Vicented
  •  
  • C.B. Mendese
  •  
  • E. Antunese
  •  
  • C.C. Wernecka
  •  
  • Sérgio Marangonia
  • a Department of Biochemistry, Institute of Biology, University of Campinas (UNICAMP), PO Box 6109, CEP 13083-970, Campinas, SP, Brazil
  • b Hospitalar Foundation of Itacaré, Itacaré, BA, Brazil
  • c Federal University of São João Del Rei – UFSJ, Protein Chemistry and Nanobiotechnology Research Group (LQPN), Divinópolis, MG, Brazil
  • d Department of Anatomy, Cell Biology and Physiology and Biophysics, Institute of Biology, University of Campinas (UNICAMP), Brazil
  • e Department of Pharmacology, State University of Campinas, SP, Brazil

A cultura popular também não escapou à nossa curiosidade, e tratamentos empíricos para os acidentados, como o 'chá da graviola', puderam finalmente ser testados no laboratório.


























Relembro ao Sr., pela honra que me trazem estas declarações, que nosso trabalho foi citado como “experiência única, modelo para o mundo”, por Dr. Victor Cantarelli, ex- Diretor da Gestão de fauna do IBAMA (fones 62 39468153/81998178) e como “uma questão estratégica para o Brasil” (falta veneno para produzir soro) por Dr. Mauricio Santos, Diretor de Imunobiológicos da FUNED, segunda maior produtora nacional de soros.

Em 2008, Dras. Aline Borges do Carmo e Samanta Levita Coutinho, da Superintendência do IBAMA da Bahia,  Núcleo de Fauna (vide parecer  NUBIO 074/2008), recomendam a “Autorização de Instalação” do Núcleo Serra Grande.

Ainda assim, nossa busca pela legalidade plena não nos levou até o presente momento a autorizações especificas que permitiriam auto-sustentabilidade e crescimento ao  nosso projeto.

Há no momento um Procedimento Administrativo (SIMP 001.0.10673012012) instaurado pela Promotora de Justiça Regional de Meio Ambiente de Ilhéus, Dra. Aline Valeria Archangelo Salvador, visando conhecer o trabalho e promover eventuais adequações. Por tratar-se de procedimento do ano de 2012, atualizado, o mesmo pode vir a ser importante fonte de referencias.

Relevante citar aqui correspondência recente daquela que é a autoridade número hum em conservação de repteis e anfíbios no Brasil:



Dr. Rodrigo,

Aprendi com meus pais que : "A verdade, ainda que tardiamente, SEMPRE prevalece".

Não se pode ignorar seu trabalho, ele é REAL, e por ser verdadeiro, há de prevalecer.

Que o ano de 2013, seja para vc e seu trabalho, em especial, de reconhecimento.

Boas festas para você e sua família.

Att,

Nilza Silva Barbosa.

Coordenadora NEA/RAN - ICMBIO

Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Répteis e Anfibios.

Setor Leste Universitário, Rua:229, nº 95 CEP:74 605.090 Goiânia-GO

Fones: 062.3225 9968 / 062 3225 7499/062 3225 6593 / Cel. 062 9652 7782 / 062 8546 1519

*www.icmbio.gov.br/ran*



Concluo dizendo que espero um dia poder mostrar-lhe in loco o trabalho e os esforços no Núcleo Serra Grande, nada comparável aos seus esforços de uma vida em busca da noticia, como em "O gosto da guerra" e tantas outras oportunidades, mas ainda assim, uma historia de paixão, como a sua.

À  disposição para maiores esclarecimentos, forte abraço.

Rodrigo Cançado Gonçalves de Souza, CRMMG 22.810 - CPF 525.920.146-91
lachesisbrasil@hotmail.com

PS: segue abaixo nossa contribuição ao estudo e preservação da especie ...


Serra Grande Center Publications:


  • Tierzeit ~ DokTV
    Germany, 2005 - 30 minute video on Lachesis, please wait 50 seconds average to download
  • Endurance
    Bull. Chicago Herp. Soc. 44(6):85-86, 2009





sábado, 2 de fevereiro de 2013

Férias em Casa



Filhos, amigos, água e floresta. A onça apareceu de noite, nesse mesmo murinho da barragem. Em Serra Grande, trabalho que não cansa.




Muita atividade no Núcleo: vermifugação, animais saindo de regime intensivo para extensivo, manutenção de viveiros e os infinitos detalhes.

Confira no videos abaixo momentos importantes para filhotes nascidos em 2009


                            


                           


                           


Ao contrario do que pensam muitos, os grandes serpentários do Núcleo nada tem a ver com aquele modelo anos 50, um jardim rebaixado e cercado por fôsso de água, pensado para a visitação publica, mas de impossível controle parasitário.

Ar puro, frio e úmido, espaço, sol, chuva, exercício, caçadas, confinamento ético (com controle parasitário). Não temos animais com focinhos arranhados em busca de rota de fuga. Protegidos na sombra da mata, não temos animais com mudas de pele incompletas, mesmo em estiagem prolongada, como a recente.




A polemica sobre nosso método, a herpetologia primitiva, é discutida aqui:

http://www.lachesisbrasil.com.br/download/BulChicagoHerpSoc_Vol43Num10pp157-164%282008%29.pdf

Mas hoje em dia, quando nossos resultados calaram os críticos, o que fica na minha cabeça é somente a questão da segurança, todo o cuidado é pouco em serpentários abertos como os nossos, 40 metros quadrados para 3-4 animais. A título de curiosidade, faça-se agora um teste respondendo rápido quantas cobras há em seu caminho na foto abaixo ...




Três é a resposta. Mas há uma quarta invisível sob o folhiço na base da bromélia.




























Manter um animal de quase dois metros dentro de uma TORTURANTE caixa de Tuppeware - herpetologia moderna - é realmente mais simples e seguro. Mas o manejo dessa vez - em ambiente de confinamento ético - transcorreu sem sustos.

De volta à cidade grande, atualizando emails, recebo a honrosa noticia de Dr. Coura, do Instituto Vital Brasil, de que seu livro está sendo publicado. O capitulo "Acidente Laquético" é de minha autoria.

Foi um bom inicio de ano ...

CONFIRA TAMBÉM:

http://lachesisbrasil.blogspot.com.br/2011/08/confinamento-etico.html